quinta-feira, 29 de março de 2012

Espanha tem dia de greve geral contra reforma trabalhista


A Espanha vive nesta quinta-feira um dia de greve geral, um protesto contra a reforma trabalhista e as políticas de austeridade do governo conservador, que pretende aprofundar as medidas na sexta-feira com a aprovação do orçamento de 2012.

Desde o início da manhã, manifestantes se reuniram no grande mercado central de Madri e nas portas dos grandes bancos e empresas.

As centrais sindicais CCOO e UGT exibiam faixas com frases como "Reforma trabalhista, Não" ou "Greve geral".

Os sindicatos consideraram a paralisação um sucesso, enquanto o ministério do Interior informou a detenção de 58 pessoas.

Os sindicatos protestam contra uma reforma do mercado de trabalho, aprovada em 11 de março pelo governo de Mariano Rajoy com o objetivo de estimular a criação de emprego, em um país com uma taxa de desemprego de 22,85%, que castiga especialmente os jovens com menos de 25 anos (48,6%).

Os grevistas afirmam que a reforma trabalhista vai piorar a situação. O próprio governo admitiu que a taxa de desemprego deve alcançar 24,3% no fim de 2012.


MADRI - O dia amanheceu com clima tenso em Barcelona, na Espanha, por conta da greve geral iniciada à meia-noite. A polícia cercou as principais ruas do Centro de Barcelona e com a ajuda de helicópteros tenta manter a ordem. A maior parte das lojas está fechada.

Na praça Catalunha, uma das principais da cidade, a loja Corte Inglês é uma das poucas que está aberta aos consumidores, a maioria turistas, que são recebidos com aplausos. As entradas da loja estão protegidas com muitos policiais armados e com coletes balísticos. Já outras lojas apresentam comunicados na fachada avisando sobre o fechamento durante o dia de hoje.

A polícia também acompanha a movimentação de milhares de manifestantes nas ruas e é possível ouvir estouros de rojões pela cidade. Além do comércio, há a informação ainda não confirmada sobre o fechamento do Aeroporto de Barcelona a partir das 18 horas desta quinta-feira.

A greve, convocada pelos dois maiores sindicatos espanhóis, é o primeiro desafio às medidas de austeridade e reformas do primeiro-ministro Mariano Rajoy. A medida atraiu o apoio do Partido Socialista, que esteve no poder até dezembro e representa a maior oposição no Parlamento, e também do bloco Esquerda Unida.

Nas ruas do centro de Madri havia um pouco mais de trânsito do que o normal, já que mais pessoas usaram seus carros para ir para o trabalho. O governo regional da capital entrou num acordo com as operadores de transporte público para que operassem com no mínimo 30% de sua capacidade.

Na estação de metrô e trem Sol havia menos atividade do que de costume. Lidia Castillo, garçonete de um restaurante próximo, disse que havia menos pessoas do que o normal no trem, que a trouxe do subúrbio de Villaverde. Segundo ela, os trens passam em intervalos de 20 a 30 minutos, em vez dos 10 a 15 minutos habituais.

As ruas próximas à Praça do Sol, na região central, estavam cheias de folhetos espalhados e as frentes das lojas estavam cheias de adesivos nos quais se lia "Estamos em greve!" e "Eles querem tirar nossos direitos!" A rua Carrera San Jeronimo estava cheia de lixo, garrafas de cerveja e os restos de uma pequena fogueira que um grupo de manifestantes acendeu durante a madrugada.

Grupos de manifestantes pacíficos apitavam e agitavam bandeiras. Um pequeno grupo parou em frente a um café e colou adesivos na vitrine, antes de um garçom sair e mandá-los embora. "Greves não resolvem nada", disse o garçom Andres.

Em outras partes de Madri, seis policiais ficaram levemente feridos em confrontos com grupos sindicais e manifestantes contrários às políticas de austeridade, informou um porta-voz do Ministério do Interior. Manifestantes bloquearam estrada na Catalunha e em Valência, no leste do país, e fecharam parques industriais em Zaragoza, no norte, de acordo com uma associação de empresas de transporte.

A lei de reforma trabalhista tem como objetivo tornar mais fácil para as empresas demitir e contratar funcionários e é vista pelo governo com uma forma de reduzir a taxa de desemprego no país, que é de 23% e a maior da zona do euro. O projeto foi saudado por autoridades da União Europeia. O governo espanhol diz que se trata do mais importante projeto aprovado neste ano, mas os sindicatos afirmam que ela vai resultar numa taxa de desemprego ainda maior.

fonte: estadao.com.br / folhasp.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário