sábado, 14 de julho de 2012

Greve paralisa indústrias de Manaus


Um em cada três fabricantes de produtos eletroeletrônicos da Zona Franca de Manaus está com alguma linha de produção totalmente ou parcialmente parada por falta de insumos importados, que estão retidos no porto e aeroporto da região. Desde o dia 18 de junho, os auditores fiscais da Receita Federal iniciaram um movimento de operação padrão nas aduanas de todo o Brasil, para pressionar o governo a conceder reajuste de 30,19% nos salários da categoria.

Os auditores fiscais estão checando com rigor todas as cargas que "caem" nos canais amarelo e vermelho de exportação e importação. Normalmente, os produtos passam por checagem de documentação, mas nem sempre pela conferência física da carga.

Com isso, o tempo médio para liberação das mercadorias passou de um para quatro ou cinco dias, chegando em alguns casos a demorar até mais, principalmente nos portos.

A operação padrão afeta diretamente as atividades do polo industrial de Manaus, já que praticamente toda a sua produção depende da importação de insumos. "Pelo menos 10% de todo processo de importação tem dado canal vermelho e amarelo, e o tempo de inspeção está sendo realmente muito longo", diz Wilson Périco, presidente do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam).

A consequência, segundo ele, é que algumas empresas chegam a ficar com linhas de produção paradas por até quatro dias, devido à falta de insumos. "O setor eletroeletrônico não tem mais estoque e depende da liberação de componente pelos auditores fiscais", explica o executivo.

Dia dos Pais. A situação só não está complicada para os setores de ar condicionado, micro-ondas e duas rodas, que têm estoques para mais dois ou três meses e não devem ser afetados por falta de insumos. No caso dos eletroeletrônicos, segundo Périco, a falta de insumos importados pode prejudicar a entrega de alguns produtos para o Dia dos País.

A estimativa da Cieam é de que o polo está deixando de faturar algo como R$ 25 milhões por dia, valor equivalente a 10% das vendas totais, por causa da operação padrão nas aduanas.

Além das consequências para a indústria, o movimento dos auditores fiscais também afeta os trabalhadores do polo de Manaus, "Mais uma vez, nós é que vamos pagar a conta ", diz Valdemir Santana, presidente Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas. "Depois que a situação normalizar, o trabalhador terá de cumprir jornada excessiva, porque as fábricas vão acelerar a produção para tentar recuperar o prejuízo", alega o sindicalista.

Além da operação padrão, os auditores fiscais executam ainda a campanha "crédito zero", com a suspensão de repasse de informações à Receita sobre notificações de multas nas operações de importação e exportação de mercadorias.

Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional), o que a categoria reivindica não é aumento salarial, e sim recomposição de 30,19%, O último reajuste salarial para a categoria foi negociado em 2008 e pago em três parcelas, até 2010, Desde então, os salários ficaram congelados, dizem os sindicalistas. Até agora, o governo não fez nenhuma proposta aos auditores fiscais.

Vendas. A situação nos portos e aeroportos do País pode se complicar ainda mais. Se o governo não apresentar uma proposta até o fim do mês, já estão marcadas assembleias para o dia primeiro de agosto, em que os auditores vão votar indicativo de greve por tempo indeterminado.

Nos cinco primeiros meses do ano, o polo de Manaus faturou R$ 27,37 bilhões, o que representa crescimento de 1,97% em relação ao mesmo período de 2011, de acordo com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

O movimento foi puxado pelo setor eletroeletrônico (incluindo bens de informática), cujas vendas cresceram 6,37% em relação ao ano passado e somaram R$ 12,22 bilhões.

fonte: estadao.com.br

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