domingo, 9 de dezembro de 2012

Negociação com empresas aéreas avançam pouco


Houve pouco avanço nas negociações entre aeronautas, aeroviários e companhias aéreas. Em reunião na quarta-feira (5), as empresas aumentaram um pouco o índice, mas mantiveram sua proposta de reajuste escalonado sem aumento real e sem garantir sequer a inflação para a grande maioria dos trabalhadores do setor.

Os representantes dos trabalhadores rejeitaram a proposta e informaram ao negociador das empresas, Odilon Junqueira, que os aeronautas já decidiram por indicativo de greve no dia 13 de dezembro. Os aeroviários planejam mobilizações, operação não colaboração, e irão integrar-se à paralisação prevista pelos aeronautas.

Segundo o assessor econômico do Sindicato Nacional dos Aeronautas (SNA), Cláudio Toledo, aceitar a proposta das empresas significaria aos trabalhadores abrir mão do aumento real acumulado nos últimos três anos, o que representaria uma perda muito difícil de ser recuperada. Toledo também ressaltou que, em estudo recentemente divulgado pela IATA, o Brasil é líder mundial em crescimento no transporte aéreo doméstico.

O Dieese atualizou o balanço das negociações deste ano e verificou que os trabalhadores ampliaram as conquistas em relação ao ano passado. Ao todo, 96,2% das negociações acompanhadas conquistaram aumento real nos salários. Outros 3% conseguiram reajuste igual à inflação. A média do ganho real obtida pelas categorias foi de 2,2%.

Para o presidente da Fentac/CUT, Celso Klafke, o estudo do Dieese demonstra que os trabalhadores do setor aéreo devem seguir na luta por aumento real. "Não acho que aeroviários e aeronautas sejam diferentes de outros trabalhadores. Se os demais trabalhadores de outros setores conseguiram ampliar a renda, as companhias aéreas podem garantir aumento real também", afirmou.

O presidente do SNA, Gelson Fochesato, ressaltou que as aéreas, de forma consciente, ampliaram a oferta de assentos acima do necessário e que foram questionadas pela entidade sobre sua falta de planejamento, um dos motivos que levou à demissão quase três mil trabalhadores este ano. "Nós alertamos as empresas de que a gestão estava ruim e que os aeronautas seriam prejudicados. E tudo pelo que estamos passando (demissões em massa, excesso de jornada, fadiga) é consequência dessa falta de planejamento das companhias, que resultou nos problemas financeiros que algumas estão enfrentando. Está na hora do trabalhador deixar de pagar a conta pelo prejuízo das empresas, pois quando lucram, elas não valorizam os funcionários", defendeu.

"Quem enfrentou três mil demissões só este ano não tem mais medo", reforçou Selma Balbino, presidente do Sindicato Nacional dos Aeroviários. "A proposta das companhias continua indecente e o que está sendo colocado é um confronto desnecessário. O governo tem que cobrar das empresas contrapartidas sociais antes de beneficiá-las com medidas de redução de custos. Aeronautas e aeroviários vêm cedendo há anos para preservar as empresas, mas elas não valorizam isso e estão criando um ambiente hostil para passageiros e trabalhadores, na véspera dos grandes eventos que o Brasil irá sediar", completou.

Os sindicatos entendem que as empresas podem mais e que há espaço para garantir aos trabalhadores do setor aéreo um reajuste que reflita o aumento da produtividade no setor. "O trabalhador não tem como compensar um achatamento de salários. Já as empresas tem meios para ampliar sua receita e por isso podem pagar garantir um salário digno para os trabalhadores. É preciso que as propostas avancem nesse sentido. Do contrário, não haverá acordo", afirmaram os sindicalistas.

Nesta terça-feira (4), os aeronautas decidiram por indicativo de greve no dia 13 de dezembro. "Pilotos e comissários têm demonstrado grande insatisfação com as empresas e estão motivados para instaurar a greve, caso não haja avanço nas negociações", ressaltou Fochesato. Uma comissão com oito representantes foi formada para mobilizar a categoria ao lado do Sindicato.

Os sindicatos cutistas de aeroviários também já aprovaram estado de greve em assembleias realizadas esta semana.

O Sindicato Nacional dos Aeronautas realiza nova assembleia no dia 10, para confirmar a greve. No dia 12, há mais uma rodada de negociações com as empresas aéreas, às 14h30min, na sede da Fentac/CUT, no Rio de Janeiro.

fonte: cut.org.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário