segunda-feira, 10 de junho de 2013

Rodoviário de carga de Santos - SP em ‘estado de greve’

Os quase mil motoristas de dezenas de firmas de transportes de cargas secas e líquidas, com data-base em maio, estão em ‘estado de greve’, a partir desta segunda-feira (10).

A decisão foi aprovada em assembleia neste domingo (10), das 11 às 12h30, quando a categoria lotou o auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários.

Além da incorporação do valor das 60 horas fixas no piso da categoria e reposição salarial com base na inflação, a principal reivindicação é o respeito à Lei 12.619-2012, que regulamenta a profissão.

Vários trabalhadores discursaram durante a assembleia, com muitas reclamações referentes ao descumprimento da lei, às condições de trabalho e até de benefícios e horas extras não pagos.

O motorista mais aplaudido, de pé, com gritos de ‘apoiado’, ‘é isso aí’ e assobios, foi o que propôs decretação de ‘estado de greve’ para apressar as negociações com as empresas.

O presidente do sindicato, Valdir de Souza Pestana, também foi aplaudido de pé, ao defender a greve, “se necessária, ordeira e pacífica, para que as empresas respeitem a categoria”.

Também presidente da Federação dos Trabalhadores Rodoviários de São Paulo, que representa 72 sindicatos e um milhão de trabalhadores, Pestana foi de novo aplaudido ao perguntar:
“Se pararmos nas estradas da Baixada e Litoral, como ficarão as atividades do porto? Os exportadores têm silos para deixar a carga? Não. Têm logística? Não. Por isso, nossa força é enorme”.

O secretário-geral do sindicato, Eronaldo José de Oliveira ‘Ferrugem’, também foi aplaudido, ao encaminhar a votação do ‘estado de greve’ proposto pelo trabalhador.

A assembleia ficou declarada permanente e aprovou que o sindicato volte a negociar imediatamente com as empresas. Nova assembleia está marcada para o próximo domingo (16).

Para o vice-presidente do sindicato, José Alberto Torres Simões ‘Betinho’ “essa foi a assembleia mais concorrida do setor de carga das últimas décadas”.

“O auditório do sindicato será pequeno para tanta gente, nas próximas assembleias”, prevê o sindicalista. Para ele, a nova legislação é o principal motivo do interesse dos trabalhadores.

Oradores revelam problemas diários

‘Jornadas de trabalho malditas’, ‘motorista não é burro de carga’, ‘chega de exploração’, ‘fim das irregularidades’ e outras expressões marcaram os discursos dos trabalhadores.

O depoimento de um motorista revela a carga de trabalho a que é submetida a categoria. Ao voltar de uma longa viagem, às 7 horas de, foi chamado para trabalhar às 17 horas do mesmo dia.

Ele se recusou a obedecer à ordem, pois não havia se recuperado do cansaço de uma viagem interestadual, e foi ameaçado de punição pela chefia. Ele espera o holerite para saber se lhe foi dada falta.

Outro reclamou da dupla função que as empresas impõem à categoria: “Não podemos mais colocar a mão na carga, nem amarrar lonas ou executar serviços que não são nossos”.

Para exemplificar o poder de pressão da categoria, alguns motoristas de uma das maiores empresas da região relataram a paralisação de um dia, na semana passada, por conta de erros nos holerites.

Segundo ele, a firma descontou entre R$ 400 e R$ 500 dos profissionais, alegando que a medida obedecia a determinações da nova lei. Diante da greve, a empresa se comprometeu a repor os valores.

Participaram da assembleia trabalhadores das seguintes empresas: Cargolog, Estrada, FCA, Fassina, Marimex, Nova Logística, Rodrimar, S Magalhães, Ecoporto e TSA.

fonte: fsindical.org.br

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