Os quase mil motoristas de dezenas de firmas de transportes de cargas secas e líquidas, com data-base em maio, estão em ‘estado de greve’, a partir desta segunda-feira (10).
A decisão foi aprovada em assembleia neste domingo (10), das 11 às 12h30, quando a categoria lotou o auditório do Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários.
Além da incorporação do valor das 60 horas fixas no piso da categoria e reposição salarial com base na inflação, a principal reivindicação é o respeito à Lei 12.619-2012, que regulamenta a profissão.
Vários trabalhadores discursaram durante a assembleia, com muitas reclamações referentes ao descumprimento da lei, às condições de trabalho e até de benefícios e horas extras não pagos.
O motorista mais aplaudido, de pé, com gritos de ‘apoiado’, ‘é isso aí’ e assobios, foi o que propôs decretação de ‘estado de greve’ para apressar as negociações com as empresas.
O presidente do sindicato, Valdir de Souza Pestana, também foi aplaudido de pé, ao defender a greve, “se necessária, ordeira e pacífica, para que as empresas respeitem a categoria”.
Também presidente da Federação dos Trabalhadores Rodoviários de São Paulo, que representa 72 sindicatos e um milhão de trabalhadores, Pestana foi de novo aplaudido ao perguntar:
“Se pararmos nas estradas da Baixada e Litoral, como ficarão as atividades do porto? Os exportadores têm silos para deixar a carga? Não. Têm logística? Não. Por isso, nossa força é enorme”.
O secretário-geral do sindicato, Eronaldo José de Oliveira ‘Ferrugem’, também foi aplaudido, ao encaminhar a votação do ‘estado de greve’ proposto pelo trabalhador.
A assembleia ficou declarada permanente e aprovou que o sindicato volte a negociar imediatamente com as empresas. Nova assembleia está marcada para o próximo domingo (16).
Para o vice-presidente do sindicato, José Alberto Torres Simões ‘Betinho’ “essa foi a assembleia mais concorrida do setor de carga das últimas décadas”.
“O auditório do sindicato será pequeno para tanta gente, nas próximas assembleias”, prevê o sindicalista. Para ele, a nova legislação é o principal motivo do interesse dos trabalhadores.
Oradores revelam problemas diários
‘Jornadas de trabalho malditas’, ‘motorista não é burro de carga’, ‘chega de exploração’, ‘fim das irregularidades’ e outras expressões marcaram os discursos dos trabalhadores.
O depoimento de um motorista revela a carga de trabalho a que é submetida a categoria. Ao voltar de uma longa viagem, às 7 horas de, foi chamado para trabalhar às 17 horas do mesmo dia.
Ele se recusou a obedecer à ordem, pois não havia se recuperado do cansaço de uma viagem interestadual, e foi ameaçado de punição pela chefia. Ele espera o holerite para saber se lhe foi dada falta.
Outro reclamou da dupla função que as empresas impõem à categoria: “Não podemos mais colocar a mão na carga, nem amarrar lonas ou executar serviços que não são nossos”.
Para exemplificar o poder de pressão da categoria, alguns motoristas de uma das maiores empresas da região relataram a paralisação de um dia, na semana passada, por conta de erros nos holerites.
Segundo ele, a firma descontou entre R$ 400 e R$ 500 dos profissionais, alegando que a medida obedecia a determinações da nova lei. Diante da greve, a empresa se comprometeu a repor os valores.
Participaram da assembleia trabalhadores das seguintes empresas: Cargolog, Estrada, FCA, Fassina, Marimex, Nova Logística, Rodrimar, S Magalhães, Ecoporto e TSA.
fonte: fsindical.org.br
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