Em uma mobilização inédita, cerca de 360 médicos do Hospital de Clínicas do Paraná, ligado à UFPR (Universidade Federal do Paraná), entraram em greve nesta segunda-feira (28).
É a primeira vez que os profissionais fazem uma paralisação no hospital, que é o maior centro de referência da saúde pública do Paraná e atende cerca de 2.000 pessoas por dia.
Estão paralisados os serviços de consultas ambulatoriais, cirurgias eletivas, realização de exames médicos e procedimentos --cerca de 70% do atendimento diário, segundo o Simepar (Sindicato dos Médicos do Paraná).
Apenas o serviço de urgência e emergência continua em funcionamento, além do tratamento quimioterápico.
A categoria protesta contra a MP (Medida Provisória) 568, editada pela presidente Dilma Rousseff no dia 11 de maio e que aguarda aprovação do Congresso.
Segundo os médicos, a MP reduz pela metade o salário-base dos médicos contratados pelo serviço público federal e muda o cálculo das gratificações por insalubridade e periculosidade.
"É uma ameaça não só aos nossos salários, mas à estruturação e à oportunidade de trabalho para os médicos brasileiros", afirma o médico Niazy Ramos Filho, porta-voz dos profissionais do HC e contratado da instituição há 15 anos.
A Federação Nacional dos Médicos estuda entrar com uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade) contra o governo, por entender que a MP "afronta o princípio constitucional do não-retrocesso social", já que estabelece uma redução nos salários.
Ramos Filho diz temer ainda que a medida desencadeie um efeito cascata no serviço público de saúde. "Depois dessa MP, o que você acha que vai acontecer com o governo estadual ou com o municipal? Vão fazer a mesma coisa. A rede pública de saúde vai ficar ainda mais vulnerável porque médico nenhum vai querer prestar concurso para ganhar esse salário", diz.
Para o profissional, a MP "abre um flanco" para a contratação de médicos estrangeiros, "sob a desculpa de que o médico brasileiro não quer trabalhar", e a qualidade do serviço público de saúde pode ser comprometida.
Agora, a categoria pretende pressionar o Congresso a vetar a MP, além de negociar mudanças com o Ministério do Planejamento, que editou o texto. Na próxima quarta-feira (30), está prevista uma reunião entre representantes dos hospitais federais e a pasta.
A paralisação no HC do Paraná segue até o dia 31, quando os médicos farão nova assembleia para discutir se entram ou não em greve por tempo indeterminado.
No domingo, médicos e dentistas do Rio de Janeiro também organizaram um protesto na orla de Copacabana contra a MP.
fonte: folhasp.com.br
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