terça-feira, 8 de maio de 2012

Trabalhadores da construção civil de Fortaleza - CE decidem por continuidade da greve


Os trabalhadores da construção civil decidiram na tarde desta terça-feira (8), em assembleia realizada na Praça Portugal, manter a greve da classe por tempo indeterminado.  Decretada na última segunda-feira (7), a paralisação reivindica um reajuste salarial de 17% e um aumento de R$ 80,00 na cesta básica oferecida pelo sindicato patronal.

De acordo com Nestor Bezerra, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF), cerca de 10 mil operários paralisaram suas atividades nesta manhã, e outros 2.500 devem se juntar ao protesto na próxima quarta-feira (9) quando a concentração de trabalhadores passar pelas obras da Maraponga e Parangaba.

Os servidores se concentrarão em três pontos da Região Metropolitana de Fortaleza: na Praça Portugal, na Aldeota; na Praça da  Igreja Matriz de Messejana e em frente ao Beach Park, no Porto das Dunas.

Tumulto

Em clima tenso, cerca de dois mil operários da Construção Civil se concentraram na Praça Portugal. O início do protesto na manhã desta terça-feira (08) foi marcado por atos de vandalismo.

Logo cedo, alguns dos manifestantes chegaram a depredar canteiros de obras e derrubar um muro. Dentre os prejuízos contabilizados, equipamentos foram furtados e quebrados. De acordo com membros do sindicato, alguns manifestantes receberam os policiais a pedradas. Estes, acusados de serem 'infiltrados', foram convidados a se retirar da manifestação. Ainda que os ânimos tenham sido acalmados, há quem porte pedaços de madeira.

Os trabalhadores estão reunidos na Praça Portugal, na Aldeota, à espera da realização da assembleia da categoria, com início previsto para o meio-dia. Munidos de cartazes, placas e faixas, os trabalhadores gritam palavras de ordem e esperam pela adesão de mais colegas - cinco mil participantes, na praça, e 20 mil em toda a Capital e Região Metropolitana, de acordo com estimativa do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria da Construção Civil da Região Metropolitana de Fortaleza (STICCRMF). 

O Batalhão de Choque faz a segurança do local com cães, escudos e cacetetes, visto que, em manifestações anteriores, houve tumultos e, até mesmo, confronto com a polícia.

Sindicato Laboral

O STICCRMF, através de nota enviada à reportagem, informou que lamenta os incidentes e desencoraja qualquer tipo de violência, mas admite que é difícil controlar os atos de uma categoria tão numerosa.  Segundo a entidade, os próximos três dias serão de intenso protesto. 

O Sinduscon repetiu o argumento inicialmente apresentado para negar o pedido dos trabalhadores e clamou pela busca de uma solução para o embate entre as partes. "O Sinduscon reforça que faz-se necessário o cessar das invasões de canteiros de obras e a flexibilização da pauta de reivindicações apresentada pelo Sindicato dos Trabalhadores, que está fora da realidade econômica brasileira, já que nenhuma categoria laboral recebeu reajuste médio de 18,5%", afirmou em nota. 

Greve

Obras de Fortaleza e de alguns pontos da Região Metropolitana (Porto das Dunas e Messejana) estão completamente paralisadas, segundo o STICCRMF. A greve é resultado da falta de acordo na reunião que ocorreu na última segunda-feira entre patronato e sindicato.

Desde o dia 2 de abril, os operários da Construção Civil vinham realizando duas horas de paralisações diárias em diferentes áreas da região metropolitana de Fortaleza, na tentativa de chamar a atenção dos patrões para os pedidos da categoria.

Obras privadas e públicas, como o Hospital da Mulher e do Minha Casa, Minha Vida, foram afetadas pelo sinal de protesto dos trabalhores.

Após diversas rodadas de negociações com o Sindicato das Indústrias da Construção Civil do Ceará (Sinduscon), as reivindicações passaram de 25%, no salário base, para 17% e o pedido de aumento no valor fixo da cesta básica passou de R$ 100 para R$ 80, que atualmente é de R$ 35.

No decorrer das ações sindicalistas, houve tumultos e passeatas. Ainda assim, o Sinduscon disse que não pode oferecer mais que 8,57% de reajuste salarial e 14% no auxílio alimentação, valores que, segundo a entidade patronal, foi calculado com base no índice de inflação e estariam acima do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).

Além dos benefícios na folha de pagamento, os trabalhores também pedem por redução da jornada de trabalho e férias diferenciadas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário