segunda-feira, 6 de junho de 2011

Bombeiros fazem vigília nas escadarias da Alerj após prisões

Os cerca de 300 bombeiros e familiares que estão reunidos em frente ao prédio da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) improvisam uma cozinha nas escadarias para manter a vigílIa em protesto contra a prisão, no sábado (4), de 439 grevistas que ocuparam o quartel central da corporação na noite de sexta-feira (3)...

Os bombeiros estão dispostos a se manter em vigília, em frente à Alerj, até a liberação dos presos, e começaram a se articular para montar acampamento.

O senador Lindberg Farias (PT) esteve no local; parabenizou os bombeiros pela luta salarial e se ofereceu para mediar contatos com o governo. Para ele, a prisão dos bombeiros foi um equívoco.

Pela manhã, três ônibus com bombeiros deixaram a Corregedoria da Polícia Militar, em São Gonçalo, região metropolitana do Rio, para onde foram levados ontem todos os detidos. Com escolta da Polícia Militar, os detidos foram levados para o quartel do Corpo de Bombeiros em Charitas, bairro de Niterói.

Uma mulher foi mandada para o segundo grupamento militar do Méier. Quatro oficiais e cinco praças foram levados para o GEP (Grupamento Especial de Policiamento em Estádios), segundo informações da Polícia Militar.

Os demais, de acordo com a PM, foram para o quartel dos Bombeiros em Charitas, bairro de Niterói.

Nos quartéis, policiais militares afirmam que estão em operação padrão. Muitos deles estão trabalhando desde sexta-feira, sem substituição.

Em nota publicada no site da corporação, o Comando Geral afirma, no entanto, que o atendimento à população está assegurado...

INVASÃO

O quartel central do Corpo de Bombeiros do Rio foi ocupado na sexta-feira (3) à noite por cerca de 2.000 manifestantes, de vários batalhões da cidade, alguns acompanhados por familiares --mulheres e crianças-- que reivindicam melhores salários. Durante quase cinco horas --das 21h às 2h-- o comandante geral da PM, coronel Mario Sergio Duarte, esteve no local negociando com os invasores. Ao longo da madrugada, alguns bombeiros deixaram o quartel.

Policiais militares do Batalhão de Choque invadiram às 6h do sábado (4) o quartel com o uso de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo para dispersar a manifestação. O comandante do batalhão de choque, Valdir Soares, ficou ferido durante a ação. Uma criança de dois anos foi atendida no hospital Souza Aguiar por ter inalado gás, mas já foi liberada.

PUNIÇÃO

Os líderes da invasão ao quartel podem ser condenados a até 12 anos de reclusão, de acordo com código penal militar.

Segundo a Secretaria de Segurança, porém, ainda não é possível dizer qual a punição que será aplicada aos bombeiros detidos, pois a corregedoria precisa avaliar caso a caso. A previsão é de que os crimes sejam tipificados até segunda-feira.

Se enquadrados por motim, o artigo 149 do código penal militar prevê pena de 4 a 8 anos de reclusão, com aumento de um terço para os líderes.

"VÂNDALOS"

Em entrevista coletiva no sábado, o governador do Rio, Sergio Cabral (PMDB), qualificou os bombeiros que invadiram o quartel de "vândalos irresponsáveis" e a invasão de ação "inaceitável do ponto de vista do Estado de Direito democrático e do respeito à instituição centenária, admirada pelo povo do Rio de Janeiro".

Cabral refutou a alegação dos manifestantes de que recebiam o pior salário do país, dizendo que, em seu governo, a corporação está tendo pela primeira vez um plano de recuperação salarial. 'Não é verdade [que é o pior salário do Brasil]. E mesmo que fosse, não se justificaria a entrada no quartel, agindo contra a instituição. É intolerável', afirmou.
De acordo com o governador, o salário médio dos bombeiros é de R$ 1.500 e chegará a R$ 2.000 no final do ano.

Há cerca de um mês os bombeiros estão em campanha salarial. Eles reivindicam um aumento de R$ 950 para R$ 2.000, além de melhorias em suas condições de trabalho.

De acordo com o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, os bombeiros amotinados podem ser expulsos da corporação, conforme o resultado do processo disciplinar que será aberto contra eles.

O comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, Pedro Machado, foi exonerado do cargo. Em seu lugar, foi nomeado o coronel Sergio Simões, até então subsecretário de Defesa Civil do município do Rio.

fonte: folhasp.com.br

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