quinta-feira, 2 de junho de 2011

Trabalhadores fazem greve no transporte público do ABC para impedir demissão de cobradores

Aumento real de 15% nos salários é outra reivindicação da pauta. Greve paralisa 92% do transporte na região


Os motoristas e cobradores da região do Grande ABC estão em greve desde o início desta quarta, e um dos principais motivos para a paralisação é a ameaça de que as empresas acabem com o cargo de cobrador de ônibus. Entre as reivindicações, um dos destaques é a exigência de que todos os empregos dos cobradores sejam mantidos. No ABC, o sindicato da categoria é filiado à CUT.

Há vários anos as empresas de transporte acenam com a medida de extinguir a função de cobrador. O risco aumentou depois da criação do bilhete magnético que dispensa o uso de dinheiro para pagar a passagem e, nos últimos dois dias, por causa de um acordo fechado entre o prefeito da capital, Gilberto Kassab, e o sindicato dos condutores de São Paulo (filiado à Nova Central) que simplesmente elimina a figura do cobrador nos ônibus que circulam pela cidade.
O (mau) exemplo do sindicato de São Paulo e do prefeito da capital já está sendo usado como elemento de chantagem por parte das empresas de ônibus da região do ABC.
“Aqui não, nosso sindicato luta pela manutenção desse cargo”, garante o secretário de Comunicação do Sintetra (Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Transporte do Grande ABC), Marcos Antonio Aleixo, o Marcão.
Mas, é claro, a questão salarial também é uma razão e tanto para a greve. Os trabalhadores, em pauta definida durante assembleia realizada em março, cobram aumento real (acima da inflação) de 15%, unificação do piso salarial de motoristas (aqueles que dirigem ônibus grandes recebem a partir de R$ 1892, enquanto os motoristas de microônibus têm piso de R$ 1369), aumento de 15% no tíquete-refeição e também sobre o PLR.


Assembleia com 1600 condutores no ABC Paulista


A contraproposta das empresas foi rejeitada no início da tarde de ontem em assembleia realizada na rua, em frente ao sindicato, por mais de 1600 trabalhadores. Os patrões oferecem aumento real de 8% sobre os salários, de 10% sobre os tíquetes e de 12% sobre a PLR. Outra proposta foi o pagamento de uma gratificação de R$ 1050 para os motoristas que conduzem ônibus sem cobrador.
A direção do sindicato defendeu a contraproposta patronal, mas os trabalhadores a derrotaram. Haverá nova assembleia na tarde de hoje, a partir das 17h.
Ainda nesta tarde é possível que o TRT realize audiência de conciliação. O pedido para a audiência já foi feito pelo sindicato patronal.
Há 33 empresas de ônibus no Grande ABC e 7 mil trabalhadores na categoria. O sindicato avalia que 92% da categoria aderiram à greve.

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