quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Estudantes convocam greve nacional e saem em passeatas no Chile


Cerca de 10 mil estudantes não ouviram as críticas do presidente chileno Sebastián Piñera e saíram às ruas nesta quinta-feira para exigir o fim da municipalização das escolas. Para evitar represálias - já que os protestos não foram autorizadas pela prefeitura -, os alunos usaram uma nova tática: dividiram-se em 14 passeatas em diferentes pontos da capital, o que obrigou os efetivos policiais a dividirem suas forças. No centro de Santiago, cerca de 3 mil alunos reuniram-se na Praça das Armas e depois se espalharam por vários pontos da capital. Na passeata no centro de Santiago, foram registrados confrontos entre estudantes e policiais, que dispersaram a manifestação com jatos de água e gases lacrimogêneos. Os estudantes responderam jogando pedras e partes do mobiliário público. No total, 139 foram detidos e 18 policiais ficaram feridos nos confrontos, de acordo com uma estimativa da polícia.

Nos municípios de Providencia e Ñuñoa, zona leste da cidade, milhares marcharam pelas principais avenidas. Além das manifestações, a Assembleia Coordenadora dos Estudantes Secundários (ACES) do Chile convocou uma greve nacional, que é apoiada pelos universitários: a Federação de Estudantes da Universidade de Santiago também cancelou os exames nas universidades chilenas nesta sexta-feira. Mas, apesar do alto número de protestos, o presidente Sebastián Piñera destacou que os manifestantes representam 0,1% do total, e que o governo escuta a todos os estudantes, e não “apenas aqueles que realizam invasões”.

- Em nosso país existem 11 mil escolas. As invadidas representam apenas 0,1% das escolas do Chile e se escutamos a eles, ouvimos também o 99,9% restantes, que o querem fazer é estudar - disse Piñera.

Assim como Piñera, o ministro da Educação, Harald Beyer, garantiu que as invasões não são massivas e que alguns grupos de estudantes não estão seguindo seus dirigentes, porque não acreditam que haja diálogo.

- São pequenos grupos que não seguem os líderes estudantis, porque se deram conta que não existe vontade de diálogo por parte da liderança - afirmou Beyer, de acordo com o jornal local “La Tercera”. - Nós sempre expressamos como governo que a liberdade de expressão é um direito fundamental.

A maior marcha foi iniciada no emblemático colégio Instituto Nacional e seguiu até a sede da prefeitura. Prédios públicos foram usados como ponto de encontro dos estudantes nas quatro zonas da cidade. Mais cedo, Eloísa González, porta-voz da ACES, disse que os jovens desejavamm seguir de forma pacífica e não esperavam violência da parte dos carabineiros, a polícia militar chilena. De acordo com ela, o objetivo principal é “demonstrar que os estudantes contam com a força e são capazes de organizar mobilizações comuns em diversos pontos da região metropolitana”.

Na cidade de Temuco, a 670 quilômetros de Santiago, estudantes invadiram um prédio do Ministério da Educação na manhã desta quinta-feira. Horas depois, forças especiais entraram no local e prenderam ao menos 10 pessoas, que foram levadas a delegacia da área. Apesar do incidente, o líder local da ACES, Néstor Sandoval, disse que a manifestação estudantil da cidade não foi cancelada e deve ser iniciada a partir das 10h30.

Sobre as invasões, Cepeda afirmou que “seria como ser cego e de mente fechada” dizer que a tomada das instituições não causou nenhum dano ao ensino público chileno, mas ressalta que as autoridades também não souberam responder às demandas do movimento estudantil. Segundo a rádio local bio-bio, no sábado, todas as organizações estudantis devem se encontrar para formular um pedido comum que será entregue ao governo.

Os estudantes protestam por reformas no sistema educacional chileno. O conflito marca o governo do presidente Sebastián Piñera, cuja popularidade é de 27% apesar do país apresentar um crescimento econômico de 5,5%, de acordo com dados divulgados na terça-feira pelo Centro de Estudos Públicos (CEP) do Chile.

As mobilizações cresceram após a grande passeata de 8 de agosto, que não foi autorizada pelo Governo e terminou com 75 presos e 40 policiais feridos. Estudantes incendiaram três ônibus e jogaram objetos contra os agentes de segurança, que convocaram tropas de choque.

fonte: oglobo.com.br

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