sábado, 4 de agosto de 2012

Uruguaios não recebem carta há um mês devido à greve dos Correios


Cinquenta toneladas de cartas e pacotes enviados do mundo todo jazem esquecidos no aeroporto de Montevidéu. Há um mês, um conflito sindical no serviço postal do Estado impede milhares de uruguaios de receberem correspondências e, a partir desta sexta-feira, também de enviá-las.

A greve, que não afeta, por enquanto, o serviço de correspondência dentro do país, começou no dia 6 de julho. Ela foi provocada pelo silêncio do governo em relação às reivindicações da Associação de Funcionários Postais do Uruguai (AFPU), que exige há dez anos a aprovação de uma Lei Postal no Parlamento, entre outras demandas.

DEMANDAS

De acordo com o presidente da AFPU, José Mato, a normativa é necessária para criar "um marco regulatório" do setor. "Os correios privados chegam aqui e não pagam nenhuma taxa", lamenta.

"Queremos que eles paguem uma taxa de 10% e que esse dinheiro seja destinado ao Correio Uruguaio. Também reivindicamos que, como acontece na Espanha, haja uma faixa monopólica a nosso favor --até 150 gramas (de peso da carta) o correio nacional é quem distribui", afirmou.

Embora sempre possam recorrer às companhias multinacionais, boa parte dos cerca de 3,3 milhões de cidadãos do Uruguai ainda depende do Correio Uruguaio para comunicar-se por carta com o exterior e, sobretudo, para enviar ou receber pacotes, especialmente por questões de custo.

"São muitas encomendas, gente que compra pela internet ou que recebe presentes. Empresas como a DHL cobram às vezes até 300% mais caro", disse Mato.

Apesar de prejudicar o bolso, alguns cidadãos começaram a buscar alternativas para greve. "Tive que ir em uma empresa privada para mandar uma encomenda ao meu filho, que está nos EUA. Tudo porque os correios não estão mandando nem recebendo", disse uma mulher que preferiu manter o anonimato.

Outra reivindicação da AFPU é o aumento de pessoal e "um adiantamento de 1,5 mil pesos mensais (cerca de R$ 150) por trabalhador para a reestruturação do serviço prevista na futura lei".

REAÇÕES

O deputado Jorge Gandini, do Partido Nacional, de oposição, rejeitou a pressão dos trabalhadores dizendo que o Correio Uruguaio "tem hoje um deficit estrutural que se compensa por um subsídio aprovado em 2010 de cerca de US$ 15 milhões anuais e que este ano chegou aos US$ 30 milhões".

O parlamentar opina que "se a empresa não é viável, ela deve funcionar com outro plano de negócios". No entanto, ele defende a existência do serviço estatal, já que "nenhuma empresa privada colocaria um escritório em um povoado onde vivem cem pessoas"

fonte: folhasp.com.br

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