quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"El País" corta 149 jornalistas, e funcionários decidem entrar em greve


O jornal mais conhecido da Espanha, o "El País", anunciou nesta terça-feira (9) a demissão de 128 profissionais e a aposentadoria compulsória de outros 21 como forma de enfrentar a grave crise pela qual o meio de comunicação passa atualmente.

Na sexta-feira (5), Juan Luis Cebrián, presidente do "El País" e presidente-executivo do grupo Prisa, que controla o "El País", disse que não era mais possível "seguir vivendo tão bem" e que seria apresentado um plano de reestrutução do jornal --o que foi feito hoje.

Segundo o jornal espanhol "El Mundo", os profissionais que deixarem a empresa receberão 20 dias de salário por ano trabalhado (até o limite de um ano de salários) e os que permanecerem terão uma redução de 15% na folha de pagamento.

Assim que o plano foi formalizado, o comitê trabalhista do jornal começou a por em prática uma série de medidas aprovadas ontem em assembleia por 266 dos 464 funcionários (57% do total).

Os jornalistas do "El País" deixarão de assinar suas matérias a partir de amanhã, quarta-feira (10), e entrarão em greve por 18 dias --entre 18 e 29 de outubro e entre 1º e 9 de novembro-- contra as medidas anunciadas.

Também foi aprovada na assembleia a reprovação ao fundador do jornal, primeiro diretor e presidente da empresa, Juan Luis Cebrián, "por sua falta de lealdade para com a redação e sua nefasta gestão".

Cebrián lamentou a decisão, mas disse que "em sociedades como a que editam o 'El País', quem aprova ou reprova seu presidente e executivos é a assembleia de acionistas, não a dos trabalhadores".

CRISE ECONÔMICA

Em meio à crise que econômica que afeta de maneira especialmente dura a Espanha, o Grupo Prisa, controlador do periódico, registrou seu primeiro faturamento negativo da história em 2012.

Segundo José Luis Sainz, conselheiro do "El País", o jornal perdeu mais de 200 milhões de euros (R$ 525 milhões) em receita desde 2007, enquanto o tamanho da Redação se manteve estável no período. O custo médio por jornalista, diz Sainz, é de 88 mil euros (R$ 230 mil) por ano --7,3 mil euros (R$ 19,2 mil) por mês.

Desde 2008, ano de eclosão da crise, 57 veículos de comunicação já fecharam na Espanha e 8.000 jornalistas perderam seus empregos.

GRUPO PRISA

O grupo Prisa é uma multinacional presente em 23 países que atua nos segmentos impresso, rádio, televisão e educação. O jornal "El País" representa menos de 10% das operações do grupo.

Segundo o "El Mundo", as demissões do grupo comandado por Cebrián afetou também o econômico "Cinco días" (mais de 20 demissões), a Prisa Revistas (quase 40 demissões) e a Prisa Brand Solutions (quase 30 demitidos).

Javier Moreno, diretor do "El País", disse que a situação era "dolorosa". "Não vamos fazer o mesmo jornal com menos recursos. Teremos de fazer uma nova transformação".

"Não é uma questão de querer melhorar a rentabilidade. O jornal não pode suportar por mais tempo sua atual estrutura de custos", disse Cebrián na sexta. Para ele, é preciso construir um novo projeto de jornal. "Ou mudamos nosso modelo e estrutura de jornal, ou não poderemos seguir fazendo o 'El País'."

fonte: folhasp.com.br

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