terça-feira, 6 de novembro de 2012

Jornalistas gregos decidem manter greve por 72 horas

Fachada de Jornal com Faixa - jornalistas gregos em greve 06 novembro 2012
Gritos furiosos cortavam a fumaça dos cigarros pelos corredores do Sindicato dos Jornalistas dos Diários de Atenas (Esiea, na sigla em grego). Reunidos e em crise escancarada, representantes dos principais veículos de comunicação do país partiram para a acusações sobre a condução da greve da categoria, que paralisou novamente as redações do país nesta segunda-feira (05/11).

Enquanto repórteres e editores pediam que a greve fosse mantida - por um dia, um mês ou até um ano -, alguns representantes argumentavam que Grécia precisa deles nas ruas para cobrir os protestos que vão tomar conta da capital nesta terça e quarta (06 e 07/11). O momento é crítico, já que o Parlamento grego pode aprovar na quarta o novo pacote do Fundo Monetário Internacional (FMI), imposto pelo Banco Central Europeu e pela Comissão Europeia para a economia do país.

Ao final do dia, a Federação Pan-Helênica de Sindicatos de Jornalistas (Poesy, na sigla em grego), emitiu uma nota sustentando a greve por mais 48 horas, com fim marcado para as 6h de quinta-feira. A Poesy demanda respostas do governo para o que classifica como “perseguição” contra jornalistas, especialmente em casos de funcionários da emissora estatal ERT (Rede Helênica de Notícias).
“A greve é a única coisa a se fazer. Outras formas de protesto se esgotaram faz tempo. Somos trabalhadores como quaisquer outros e temos de defender nossos direitos para ter um futuro digno. Mas com esse pacote, a Troika não vai nos dar uma vida digna”, disse ao Opera Mundi um dos editores da ERT, Sotiris Domatopoulos. “Nossa única chance é lutar agora. Pelo futuro de nossos filhos.”
O epicentro da crise entre os jornalistas é a mudança em seus planos de saúde. Hoje, o profissionais da área pagam uma mensalidade, descontada do salário, pelas vantagens de um serviço privado. Como parte do plano de austeridade, o governo grego pretende fundir o plano de saúde dos jornalistas com o serviço público de saúde, considerado de pior qualidade, sem qualquer compensação pelo dinheiro investido.

“Nosso plano, pelo qual eu paguei a vida inteira, é o melhor de todos. Por que precisamos agora, depois de tanto esforço, ir para o serviço público, que não é bom?”, afirmou ao Opera Mundi a ex-editora de assuntos internacionais da TV Mega, Seva Kammer. Desde 1999 fora das redações, Seva teme perder o auxílio saúde e, ainda, sofrer cortes em sua aposentadoria com um possível corte no piso salarial.

Atualmente, o piso salarial do jornalista grego, hoje, é de 850 euros (cerca de R$ 2,2 mil). Eles temem que o valor caia para 580 euros (R$ 1,5 mil), em paridade com o novo salário mínimo nacional. Para Seva, os jornalistas gregos precisam de “unidade” e “solidariedade” para atravessar a crise.

Esse não é o primeiro blecaute das redações gregas. Desde 2008, quando o país mergulhou na crise, já foram várias paralisações. A última aconteceu na quarta-feira passada e durou 24 horas. Não há sinais de recuo por parte do governo sobre o pacote a ser aprovado.

fonte: operamundi.uol.com.br

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