Se depender da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), os jogadores farão uma greve nas últimas duas rodadas desta edição do Campeonato Brasileiro. Nesta terça-feira, o presidente da entidade, Alfredo Sampaio, disse que fará a sugestão aos clubes nos próximos dias.
"É importante que os atletas saibam da força que têm. Eles precisam de consciência e coragem, senão nada vai mudar. Nós não podemos permitir que isso continue. Todos sabem que o calendário de 2014 é uma porcaria, um absurdo. Se temos todos o mesmo posicionamento, vamos mostrar força e parar durante duas rodadas", disse ele, em entrevista à Rádio ESPN.
A decisão do dirigente foi tomada em apoio a manifesto divulgado mais cedo nesta terça, que contou com a assinatura de 75 jogadores, dentre eles Rogério Ceni, Valdivia, Alexandre Pato e Alex. O documento critica a CBF pelo calendário de 2014, o qual, segundo eles, "prejudica a qualidade do espetáculo" devido ao número de jogos e pouco tempo de descanso aos atletas.
Mesmo assim, Alfredo Sampaio lamentou a maneira como o documento foi redigido, sem nenhuma consulta à Fenapaf. Um dos líderes do grupo, o zagueiro corintiano Paulo André, foi citado nominalmente.
"Eu espero que haja uma mudança de comportamento deles, no sentido de procurar as entidades. O Paulo André fala demais e desconhece as conquistas das entidades. Se os jogadores recebem direito de arena ou jogam no verão a partir das 17 horas, é por causa dos sindicatos, e não dos jogadores", encerrou.
Na Argentina, jogadores tiveram importantes conquistas após greves
Fora do Brasil a pressão dos jogadores de futebol já resultou em conquistas importantes para a categoria. O maior exemplo é encontrado na vizinha Argentina, onde ao longo da história os jogadores paralisaram o futebol local várias vezes.
O engajamento dos argentinos é tamanho que um deles, o meia D'Alessandro, também se juntou ao grupo de jogadores brasileiros que reivindica mudanças no futebol nacional. O meia do Internacional já havia se declarado à disposição em entrevista concedida ao LANCE!Net.
A primeira greve de jogadores na Argentina ocorreu em 1931. Depois de oito dias de paralisação os atletas conseguiram a promulgação da profissionalização do futebol local. É o início da chamada "Era Profissional" e o Campeonato Argentino de fato.
Em 1944 é fundada a Futbolistas Argentinos Agremiados (FAA), entidade criada para defender o direito dos jogadores. Quatro anos depois surge a segunda greve, que foi a mais longa e durou de novembro daquele ano a maio de 1949. Os atletas conseguiram impedir a imposição de um teto salarial.
Durante a greve daquele ano vários jogadores consagrados, como Di Stéfano, Pedernera, Nestor Rossi e Sastre, deixaram o país para atuar no exterior. O destino principal foi a Colômbia, que chegou a receber 57 atletas argentinos naquele período. O Campeonato Argentino de 1948, por sua vez, não foi paralisado e acabou sendo disputado por equipes juvenis.
Em 1971 foram registradas duas greves. A primeira em março, quando os jogadores se opunham à medida que limitava em 20 o número de profissionais em cada equipe. Em novembro, a AFA tentou anular as conquistas do acordo de 1949. Depois de 18 dias de pressão os atletas conseguiram a promulgação de um novo convênio coletivo. Líder do movimento, o meia José Omar Pastoriza, do Independiente, teve de sair do país e ir defender o Monaco, da França.
Quatro anos depois os jogadores argentinos voltaram a parar por quatro dias. A greve resultou na assinatura de um novo acordo coletivo.
A série de paralisações continuou pela década de 1980. Em 1985 os jogadores Ricardo Gareca, atual técnico do Vélez, e Oscar Ruggeri receberam o apoio de seus companheiros de profissão para conseguirem suas liberações do Boca Juniors. Três anos mais e os atletas pararam por uma semana em protesto pelo fato de antes da partida entre Instituto e San Lorenzo, em Córdoba, uma bomba explodiu perto do vestiário visitante e quase custou a vida do jogador Claudio Zacarias.
Demorou um pouco mais de tempo para os jogadores argentinos voltarem a entrar em greve, no entanto fizeram isso em 1997. O motivo foi o fato do clube Deportivo Español impedir a saída de seis jogadores, que desejavam ser liberados pelo clube. Foram 15 dias de paralisação e os atletas foram liberados.
No fim dos anos 90, o futebol argentino ficou uma semana parado nos anos de 1998 e 1999. O motivo foi contra a crescente violência dentro dos estádios.
A última greve dos jogadores argentinos se deu em 2001, em protesto contra as dívidas que praticamente todos os clubes do país tinham com seus atletas. A Associação do Futebol Argentino (AFA) recorreu a um empréstimo a bancos internacionais para saldar a dívida de quase 50 milhões de dólares.
fonte: terra.com.br
Há dois anos os jogadores pararam o futebol de Espanha e Itália
Antes do início da temporada 2011/12, tanto Espanha quanto Itália foram sacudidas por greves que retardaram o início dos campeonatos destes países. Tanto na Liga Espanhola, quanto na Italiana, as primeiras rodadas não foram disputadas naquela ocasião.
No caso espanhol, a Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE) entrou em litígio com a Liga de Futebol Profissional (LFP). O motivo foi a dívida de 50 milhões de euros que clubes deviam a mais de 200 jogadores.
Os jogadores conseguiram um acordo com a Liga Espanhola e os clubes, que assinaram um pacto para garantir o pagamento da dívida. Alguns atletas, que já estavam sem receber havia três meses, ganharam o direito de rescindir os seus contratos.
Na Itália o motivo não foram dívidas, mas um novo acordo coletivo. Além disso, os jogadores pediam o direito dos atletas, mesmo aqueles fora dos planos, continuarem treinando com os demais companheiros.
RELEMBRE:
Os clubes alegavam que tal exigência dos jogadores manteria os elencos inchados. Além disso havia um impasse quanto o pagamento do Imposto de Solidariedade, que havia sido criado pelo governo italiano. O novo imposto taxava em 5% os rendimentos de 90 mil euros, e em 10% os ganhos acima de 150 mil euros. Os atletas queriam que os encargos fossem pagos pelos clubes.
Assim como na Espanha, um acordo entre a Lega Calcio e a Associação Italiana dos Jogadores (AIC, na sigla em italiano) originou um novo convênio coletivo.
fonte: terra.com.br
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