terça-feira, 24 de setembro de 2013

Futebol e Luta de Classes: Federação Nacional de atletas quer greve nas rodadas finais do Brasileirão 2013.

Se depender da Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf), os jogadores farão uma greve nas últimas duas rodadas desta edição do Campeonato Brasileiro. Nesta terça-feira, o presidente da entidade, Alfredo Sampaio, disse que fará a sugestão aos clubes nos próximos dias.

"É importante que os atletas saibam da força que têm. Eles precisam de consciência e coragem, senão nada vai mudar. Nós não podemos permitir que isso continue. Todos sabem que o calendário de 2014 é uma porcaria, um absurdo. Se temos todos o mesmo posicionamento, vamos mostrar força e parar durante duas rodadas", disse ele, em entrevista à Rádio ESPN.

A decisão do dirigente foi tomada em apoio a manifesto divulgado mais cedo nesta terça, que contou com a assinatura de 75 jogadores, dentre eles Rogério Ceni, Valdivia, Alexandre Pato e Alex. O documento critica a CBF pelo calendário de 2014, o qual, segundo eles, "prejudica a qualidade do espetáculo" devido ao número de jogos e pouco tempo de descanso aos atletas.

Mesmo assim, Alfredo Sampaio lamentou a maneira como o documento foi redigido, sem nenhuma consulta à Fenapaf. Um dos líderes do grupo, o zagueiro corintiano Paulo André, foi citado nominalmente.

"Eu espero que haja uma mudança de comportamento deles, no sentido de procurar as entidades. O Paulo André fala demais e desconhece as conquistas das entidades. Se os jogadores recebem direito de arena ou jogam no verão a partir das 17 horas, é por causa dos sindicatos, e não dos jogadores", encerrou.

Na Argentina, jogadores tiveram importantes conquistas após greves

Fora do Brasil a pressão dos jogadores de futebol já resultou em conquistas importantes para a categoria. O maior exemplo é encontrado na vizinha Argentina, onde ao longo da história os jogadores paralisaram o futebol local várias vezes.

O engajamento dos argentinos é tamanho que um deles, o meia D'Alessandro, também se juntou ao grupo de jogadores brasileiros que reivindica mudanças no futebol nacional. O meia do Internacional já havia se declarado à disposição em entrevista concedida ao LANCE!Net.

A primeira greve de jogadores na Argentina ocorreu em 1931. Depois de oito dias de paralisação os atletas conseguiram a promulgação da profissionalização do futebol local. É o início da chamada "Era Profissional" e o Campeonato Argentino de fato.

Em 1944 é fundada a Futbolistas Argentinos Agremiados (FAA), entidade criada para defender o direito dos jogadores. Quatro anos depois surge a segunda greve, que foi a mais longa e durou de novembro daquele ano a maio de 1949. Os atletas conseguiram impedir a imposição de um teto salarial.

Durante a greve daquele ano vários jogadores consagrados, como Di Stéfano, Pedernera, Nestor Rossi e Sastre, deixaram o país para atuar no exterior. O destino principal foi a Colômbia, que chegou a receber 57 atletas argentinos naquele período. O Campeonato Argentino de 1948, por sua vez, não foi paralisado e acabou sendo disputado por equipes juvenis.

Em 1971 foram registradas duas greves. A primeira em março, quando os jogadores se opunham à medida que limitava em 20 o número de profissionais em cada equipe. Em novembro, a AFA tentou anular as conquistas do acordo de 1949. Depois de 18 dias de pressão os atletas conseguiram a promulgação de um novo convênio coletivo. Líder do movimento, o meia José Omar Pastoriza, do Independiente, teve de sair do país e ir defender o Monaco, da França.

Quatro anos depois os jogadores argentinos voltaram a parar por quatro dias. A greve resultou na assinatura de um novo acordo coletivo.

A série de paralisações continuou pela década de 1980. Em 1985 os jogadores Ricardo Gareca, atual técnico do Vélez, e Oscar Ruggeri receberam o apoio de seus companheiros de profissão para conseguirem suas liberações do Boca Juniors. Três anos mais e os atletas pararam por uma semana em protesto pelo fato de antes da partida entre Instituto e San Lorenzo, em Córdoba, uma bomba explodiu perto do vestiário visitante e quase custou a vida do jogador Claudio Zacarias.

Demorou um pouco mais de tempo para os jogadores argentinos voltarem a entrar em greve, no entanto fizeram isso em 1997. O motivo foi o fato do clube Deportivo Español impedir a saída de seis jogadores, que desejavam ser liberados pelo clube. Foram 15 dias de paralisação e os atletas foram liberados.

No fim dos anos 90, o futebol argentino ficou uma semana parado nos anos de 1998 e 1999. O motivo foi contra a crescente violência dentro dos estádios.

A última greve dos jogadores argentinos se deu em 2001, em protesto contra as dívidas que praticamente todos os clubes do país tinham com seus atletas. A Associação do Futebol Argentino (AFA) recorreu a um empréstimo a bancos internacionais para saldar a dívida de quase 50 milhões de dólares.
fonte: terra.com.br

Há dois anos os jogadores pararam o futebol de Espanha e Itália

Antes do início da temporada 2011/12, tanto Espanha quanto Itália foram sacudidas por greves que retardaram o início dos campeonatos destes países. Tanto na Liga Espanhola, quanto na Italiana, as primeiras rodadas não foram disputadas naquela ocasião.

No caso espanhol, a Associação de Futebolistas Espanhóis (AFE) entrou em litígio com a Liga de Futebol Profissional (LFP). O motivo foi a dívida de 50 milhões de euros que clubes deviam a mais de 200 jogadores.

Os jogadores conseguiram um acordo com a Liga Espanhola e os clubes, que assinaram um pacto para garantir o pagamento da dívida. Alguns atletas, que já estavam sem receber havia três meses, ganharam o direito de rescindir os seus contratos.

Na Itália o motivo não foram dívidas, mas um novo acordo coletivo. Além disso, os jogadores pediam o direito dos atletas, mesmo aqueles fora dos planos, continuarem treinando com os demais companheiros.

RELEMBRE:

Os clubes alegavam que tal exigência dos jogadores manteria os elencos inchados. Além disso havia um impasse quanto o pagamento do Imposto de Solidariedade, que havia sido criado pelo governo italiano. O novo imposto taxava em 5% os rendimentos de 90 mil euros, e em 10% os ganhos acima de 150 mil euros. Os atletas queriam que os encargos fossem pagos pelos clubes.

Assim como na Espanha, um acordo entre a Lega Calcio e a Associação Italiana dos Jogadores (AIC, na sigla em italiano) originou um novo convênio coletivo.
fonte: terra.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário