terça-feira, 27 de novembro de 2012

Juízes egípcios anunciam greve em represália a decreto presidencial de Mursi


 O órgão que representa a magistratura do Egito pediu uma greve imediata neste sábado (24) em todos os tribunais e gabinetes da promotoria em protesto ao decreto do presidente Mohamed Mursi que ampliou seus próprios poderes.

Em uma reunião no Cairo, o Clube de Juízes pediu que Mursi cancele o decreto e reintegre ao cargo Abdel Maguid Mahmoud, promotor-geral da época do ditador Hosni Mubarak que foi afastado como parte da decisão assinada na quinta. Houve pedidos de "abaixo o regime" --slogan do levante que derrubou Mubarak-- durante a reunião de juízes na capital do país.

Juízes em Alexandria, segunda maior cidade do Egito, ameaçaram entrar em greve até que o decreto fosse revogado.

Tanto os oponentes quanto os partidários de Mursi convocaram manifestações na terça-feira por causa de seu decreto, causando preocupação nos países ocidentais.

Hoje, jovens entraram em confrontos com a polícia perto da Praça Tahir, o epicentro do levante que derrubou Mubarak no ano passado, após mais de 300 pessoas serem feridas em todo o Egito ontem.

DECRETO PRESIDENCIAL

O decreto divulgado na noite de quinta marca um esforço do presidente Mursi para consolidar sua influência após ter afastado generais da época de Mubarak em agosto. Segundo o documento, revisões judiciais não podem questionar as decisões do presidente até que um novo Parlamento seja eleito --em uma eleição que deve ocorrer no começo de 2013.

A decisão também protege a Assembleia Constituinte que está redigindo a nova Constituição do país e a Câmara Alta do Parlamento --ambas controladas por islamistas e partidários do governo. Recentemente, uma série de decisões judiciais ameaçaram dissolver a constituinte.

A mais alta autoridade judiciária do Egito, o Conselho Supremo Judicial, disse que o decreto era um "ataque inédito" à independência do judiciário.

POLARIZAÇÃO

Partidos de esquerda liberal e socialista pediram um grande protesto na terça para obrigar Mursi a voltar atrás no decreto que, dizem, expôs os impulsos autocratas de um homem que já foi preso por Mubarak.

Em um sinal da polarização do país, a Irmandade Muçulmana --partido do presidente-- também pediu manifestações no mesmo dia para apoiar o decreto. Ao menos três escritórios da Irmandade foram atacados ontem no país.

"Estamos diante de um momento histórico, no qual ou vamos completar nossa revolução ou vamos abandoná-la para nos tornarmos presa de um grupo que colocou seus estreitos interesses partidários acima do interesse nacional", disse o Partido liberal Dustour, em comunicado. 

fonte: folhasp.com.br

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